05/07/2025 às 12h35
Redação
Campo Grande / MS
Entre acordos silenciosos e estratégias de bastidores, um novo movimento internacional tem chamado atenção da comunidade de defesa e segurança.
Mesmo sob um cenário de duras sanções econômicas, dois dos países mais isolados diplomaticamente do mundo decidiram estreitar ainda mais seus laços estratégicos.
De acordo com o portal ”Metrópoles”, a Rússia e a Venezuela avançam em uma parceria militar ousada, capaz de reconfigurar o equilíbrio de forças na América Latina.
Mesmo pressionados por sanções internacionais, os dois países anunciaram a ampliação de sua cooperação armamentista, com foco na fabricação de munições e armamentos em território venezuelano.
Segundo informações do Kremlin, a Venezuela está prestes a iniciar a produção local de fuzis de assalto do tipo Kalashnikov (AK-103), além de produzir até 70 milhões de cartuchos calibre 7,62 mm por ano, com tecnologia e assistência russa.
A iniciativa reforça não apenas os laços militares entre os dois países, mas também sinaliza um recado geopolítico claro: a influência de Moscou está cada vez mais ativa no continente americano.
Uma fábrica de munições no quintal dos Estados Unidos
A primeira etapa da cooperação materializou-se com a conclusão de uma fábrica de munições na Venezuela, financiada e desenvolvida pela estatal russa Rostec.
A nova unidade industrial terá capacidade de produzir milhões de cartuchos por ano, destinados às forças armadas venezuelanas, e potencialmente a outros aliados regionais.
Trata-se da primeira estrutura desse tipo construída com assistência russa fora da Eurásia desde a Guerra Fria.
De acordo com comunicado da Rosoboronexport, empresa que integra o conglomerado da Rostec, a parceria foi descrita como “uma cooperação bem-sucedida e mutuamente benéfica”.
“A Venezuela não apenas aprimorou seu equipamento militar, como também aumentou significativamente o nível de treinamento de suas tropas”, destacou o comunicado.
O texto ainda afirma que os venezuelanos agora possuem maior capacidade de combater o narcotráfico e o crime organizado — argumentos frequentemente usados por regimes autoritários para justificar militarizações internas.
Uma aliança forjada desde os tempos de Hugo Chávez
A aliança entre Rússia e Venezuela não surgiu do nada.
Ela começou ainda na década de 1990, mas se intensificou com a ascensão de Hugo Chávez e o início da chamada Revolução Bolivariana.
Em 2001, Chávez visitou o presidente russo Vladimir Putin em Moscou.
Dessa reunião, surgiu o primeiro grande acordo militar entre os países, abrindo as portas para a compra de caças, blindados, radares e sistemas de defesa antiaérea.
Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), a Rússia se tornou o principal fornecedor de armas da Venezuela entre 2000 e 2025.
Foram enviados ao país sul-americano helicópteros Mi-17, caças Sukhoi Su-30, tanques T-72, sistemas antiaéreos S-300 e veículos blindados.
Em junho de 2025, essa relação foi reafirmada quando Nicolás Maduro viajou a Moscou para participar da cerimônia dos 80 anos do Dia da Vitória, evento símbolo da memória russa da Segunda Guerra Mundial.
Na ocasião, Maduro e Putin assinaram um novo acordo de cooperação estratégica, elevando o total de pactos firmados entre os dois países para mais de 260.
Uma resposta à pressão internacional e ao isolamento
Tanto a Rússia quanto a Venezuela são alvos de pesadas sanções econômicas e diplomáticas.
A Rússia, devido à guerra na Ucrânia, e a Venezuela, pelas constantes denúncias de violações aos direitos humanos e à democracia.
Segundo a plataforma internacional Trademo, os dois países somam mais de 19 mil sanções em vigor atualmente.
No entanto, ao invés de enfraquecer os laços entre as nações, o isolamento parece ter impulsionado uma aliança estratégica mais profunda.
Analistas de segurança apontam que a movimentação russa na América Latina representa uma espécie de “revanche silenciosa” contra o Ocidente, especialmente os Estados Unidos, que mantêm influência direta em diversos países do entorno.
Implicações para o Brasil e para a América do Sul
A ampliação da presença militar russa na Venezuela gera inquietações nos países vizinhos, incluindo o Brasil, cuja fronteira com o território venezuelano ultrapassa 2.000 quilômetros.
Especialistas em relações internacionais observam que, com a nova fábrica de armamentos, a Venezuela se torna não apenas uma potência militar regional, mas também um polo exportador de armas sob influência russa.
O risco de que armamentos fabricados no país cheguem às mãos de grupos armados irregulares não pode ser descartado, principalmente diante das fragilidades institucionais na região.
Além disso, a presença ativa da Rússia no continente representa um desafio direto à influência dos EUA e da OTAN, que tentam conter a projeção de Moscou para além da Europa Oriental.
FONTE: Alisson Ficher
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