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04/02/2025 às 11h05

Redação

Campo Grande / MS

Malandro é malandro e boné é boné
Mensagem promovida por SIdônio Palmeira para rebater Make America Great Again de Trump tem um problema essencial: brasileiro não sente que o país é seu
Malandro é malandro e boné é boné
Foto Divulgação

O governo Lula adotou um boné azul para confrontar o boné vermelho que sintetizou a mensagem de Donald Trump para os americanos. O problema é que a mensagem passada pelo slogan “O Brasil é dos brasileiros” não consegue fazer frente nem de longe ao Make America Great Again.


Esse Brasil de que o governo Lula fala é de apenas alguns brasileiros. Como os juízes que custam 1,2% do PIB por ano — e acham que valem tudo isso, como destacou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, na abertura do ano judiciário.


O Brasil é dos brasileiros que administram as quatro empresas aliviadas pelo governo Lula em 284 milhões de reais, em acordo revelado por Crusoé, enquanto a Receita Federal se preparava para monitorar movimentações mensais a cima de 5 mil reais no Pix.


Esposas de ministros


O Brasil é de empresas que foram condenadas a pagar multas bilionárias após terem admitido participar de corrupção, mas tiveram as condenações suspensas ou anuladas. O Brasil é das esposas de ministros do governo Lula que ocupam cargos em tribunais de contas estaduais para aumentar a renda doméstica.


O slogan “O Brasil é dos brasileiros” expõe, mais uma vez, a distância entre a cúpula política do país e os brasileiros que, por exemplo, não têm acesso a saneamento básico ou a uma educação de qualidade, e que são obrigados a reconstruir suas casas após as enchentes anuais ou não podem usar seus celulares ao andar na rua, sob o risco de perder os aparelhos ou a própria vida.


Esses brasileiros não sentem que o Brasil é seu, como expôs a desconfiança em relação ao monitoramento do Pix, e essa falta de conexão explica em parte a impopularidade crescente de Lula, assim como sua dificuldade de se entender com trabalhadores autônomos que descobriram uma forma de ganhar a vida sem depender do Estado (o Brasil), ainda que sem as proteções da CLT, que se tornaram um fardo.


Que tal “O Brasil para os brasileiros”?


A mensagem propagandeada pelo ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, Sidônio Palmeira, soaria melhor se trocasse o verbo por uma preposição, e deixasse de ser uma afirmação para virar uma promessa: “O Brasil para os brasileiros”.


Esse é o tom do Make America Great Again, no qual a oposição ao governo Lula surfa no Brasil. A mensagem de Trump é aspiracional, muito diferente do que seria “America is great” ou “America for Americans”, o que não soaria lá muito bem a ouvidos progressistas, como destacou Madeleine Lacsko em “Boné ‘O Brasil é dos brasileiros’ não é xenofobia porque é de esquerda”.


Sidônio chegou ao governo Lula para resolver os alegados problemas de comunicação — que na verdade são problemas de gestão, rumo, articulação política, responsabilidade fiscal e credibilidade, entre outros. Não é um slogan ruim que vai resolver tudo isso.

FONTE: Rodolfo Borges

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